Eu não tenho talento para correr. Não sou rápido, não tenho a melhor postura e tenho uma enorme dificuldade para conseguir qualquer progresso. Já desisti várias vezes e voltei à estaca zero. Contudo, em algum momento, algo me chama de volta.
Eu sou um corredor sem talento e não me incomodo com essa constatação.
Por que então eu sempre tento mais uma vez?
Gosto da sensação de acordar cedo e ir para a rua, enquanto a maioria ainda dorme confortavelmente.
Gosto das restrições que a corrida impõe aos maus hábitos. Nunca é planejado. Lá pelas tantas, quero correr um pouco melhor e isso começa a direcionar melhores escolhas. Comer comida de verdade, cortar o álcool, tentar dormir mais cedo…enfim, um hábito vai puxando outro.
Acredito que a corrida nos conecta com nossa ancestralidade. Corremos do mesmo modo que os homens mais primitivos corriam na busca pela sobrevivência. Acessórios e tecnologia serão sempre secundários. Correr é um dos gestos humanos mais elementares. Um pé, depois o outro, respira e tenta ir mais longe. Nada além disso.
Não corro por vaidade – já disse que sou um corredor medíocre – nem para ser melhor que algum conhecido ou para quebrar marcas. Ninguém se importa com minhas corridas e, acredite, isso é libertador.
Gosto especialmente da sensação de correr sozinho. Provas, medalhas e eventos de corrida são divertidos, mas é quando estou sozinho que penso na vida, enfrento minhas dificuldades, faço planos ou apenas esvazio a mente. Um pé, depois o outro, respira e tenta ir mais longe. Nada além disso.
Corro por mim, para me sentir mais forte que ontem.
É isso.
Um salve a todos os corredores de alma.
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